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Capítulo 8: Capítulo 8

Página 132

CAPITULO VIII

Block, o comerciante

Dispensa de serviços do advogado

Por fim, K. decidiu-se a retirar o seu processo das mãos do advogado. Não conseguia desfazer as dúvidas sobre se esta seria uma resolução acertada, contudo, a convicção que sentia da sua necessidade prevaleceu. Foi preciso revestir-se de uma grande coragem para se decidir a tomar aquela atitude; no dia em que resolveu visitar o advogado, o seu trabalho atrasou-se, tendo de ficar a trabalhar no seu gabinete até muito tarde, e, por isso, quando chegou à porta da casa do advogado, passava das dez horas. Antes de tocar à campainha, pensou novamente no assunto; naturalmente, seria preferível dispensar os serviços do advogado pelo telefone, ou talvez por carta, visto que devia ser doloroso dizer-lho pessoalmente. Mais ainda, ele não queria perder as vantagens que uma entrevista pessoal lhe oferecia, pois qualquer outro meio que usasse para o dispensar dos seus serviços seria aceite em silêncio ou com umas simples palavras formais. A não ser que obtivesse de Leni a informação, nunca viria a saber como teria o advogado reagido à dispensa dos seus serviços e que consequências lhe traria esta atitude, segundo a opinião do advogado, que não era inteiramente de desprezar. De cara a cara com o advogado poderia aperceber-se da surpresa que tal dispensa produziria nele e, ainda que o homem fosse cauteloso, K poderia facilmente ver pelo seu comportamento tudo o que desejava saber. Até seria possível que no fim achasse sensato entregar o processo de novo ao advogado e retirasse a sua proposta.

O primeiro toque da campainha à porta do advogado, como usual mente, não produziu nenhum resultado. «Leni podia ser um pouco mais apressada», pensou K. Já era de agradecer que uma terceira pessoa, pai exemplo, o homem de roupão ou qualquer outra intrometida criatura viesse espreitar, como acontecia sempre. K, ao carregar no botão da campainha pela segunda vez, fitou a porta a seguir, mas nessa ocasião ambas as portas se conservaram fechadas. Por fim, apareceram dois olhos no rabo da porta do advogado, que não eram, contudo, os olhos de Leni. Alguém deu a volta ao ferrolho, se bem que conservasse ainda a porta fechada. como medida de precaução, anunciando: «É ele», só então abrindo completamente a porta. K. tinha estado a empurrar a porta, visto ter começado a ouvir a chave a correr na fechadura da porta ao lado, e, quando ela s abriu, quase se precipitou para dentro do vestíbulo de entrada, tendo num relance visto Leni, a quem aquele grito de aviso tinha obviamente sido dirigido, a correr pelo corredor. Seguiu-a com os olhos por momentos e em seguida voltou-se para ver quem lhe abrira a porta. Era um homenzinho seco de magro, com uma longa barba, que segurava na mão uma vem «O senhor trabalha aqui?», perguntou K. «Não», respondeu o homem, «não pertenço à casa, sou apenas um cliente do advogado e vim cá para tratar de um assunto.» «Em mangas de camisa?», perguntou K., apontando para o vestuário impróprio que o homem envergava.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 132

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179