Auto da Índia - Cap. 2: Parte I Pág. 3 / 22

AMA

Arreceo al de menos.

Andei na má-hora e nela

A amassar e biscoutar,

Pera o demo o levar

À sua negra canela,

E agora dizem que não.

Agasta-se-me o coração,

Que quero sair de mim.

MOÇA

Eu irei saber se é assim.

AMA

Hajas a minha bênção.

Vai a Moça e fica a Ama dizendo:

AMA

A santo António rogo eu

Que nunca mo cá depare:

Não sinto quem não s'enfare

De um diabo Zebedeu.

Dormirei, dormirei,

Boas novas acharei.

São João no ermo estava,

E a passarinha cantava.

Deus me cumpra o que sonhei.

Cantando vem ela e leda.

Moça, regressando da rua:

MOÇA

Dai-me alvíssaras, Senhora,

Já vai lá de foz em fora.

AMA

Dou-te ua touca de seda.

MOÇAOu quando ele vier,

Dai-me do que vos trouxer.

AMAAli muitieramá!

Agora há-de tornar cá?

Que chegada e que prazer!

MOÇA

Virtuosa está minha ama!

Do triste dele hei dó.





Os capítulos deste livro