De acordo com as ordens de Aquiles, Pátroclo deveria abandonar o campo de batalha e regressar à sua tenda logo que conseguisse afugentar os troianos dos navios. Mas o herói já não se podia conter. Entusiasmado com as vitórias sucessivas que ia alcançando sobre os adversários, esquecera completamente as recomendações do amigo e só pensava numa coisa: conquistar a cidade. E teria realizado o seu desejo se Apolo não estivesse decidido a proteger os troianos, cumprindo as ordens de Júpiter. Três vezes Pátroclo investiu contra um dos ângulos da muralha e três vezes foi repetido pelo deus que, com as suas mãos imortais, lhe empurrou o brilhante escudo. Mas quando, pela quarta vez, voltou ao ataque, Apolo enfureceu-se e gritou:
— Retira-te, Pátroclo! Não é a ti que está destinada a glória de conquistar a altiva Tróia. O próprio Aquiles, que é muito mais forte do que tu, não conseguirá devastá-la!
Reconhecendo a voz de Apolo, Pátroclo retrocedeu sem, contudo, desistir da ideia de transpor as muralhas da cidade. Então, o deus do arco de prata aproximou-se de Heitor, disfarçado sob a forma de jovem guerreiro, e disse-lhe:
— Heitor, porque evitas assim os combates? Não deves hesitar. Avança contra Pátroclo e vê se o dominas. Pode ser que Apolo te conceda a vitória.
O bravo Heitor sentiu reacender-se-lhe no peito a indómita coragem que o tinha abandonado por alguns momentos. Mandou Cebrion guiar os cavalos para o campo de batalha, pois naquela ocasião achava-se junto as portas da cidade. E, sem dar importância aos outros guerreiros inimigos, avançou na direcção de Pátroclo. Este, ao vê-lo aproximar-se, desceu do carro e esperou-o com a lança na mão esquerda. Com a direita, apanhou uma pedra e atirou-a à cabeça de Cebrion, derrubando-o. O homem cair pesadamente com o crânio fracturado e teve morte instantânea. Ao vê-lo cair de cabeça para baixo, como se estivesse a mergulhar, Pátroclo escarneceu:
— Que grande habilidade a deste homem! Que belo mergulho! Na verdade, os troianos são excelentes mergulhadores!