No acampamento dos gregos todos dormiam a sono solto, excepto Aquiles. O intrépido filho de Peleu revolvia-se no leito sem conseguir conciliar o sono. Pensava em Pátroclo, no excelente amigo que sempre fora, nas façanhas gloriosas que tinham realizado juntos e nas dificuldades que tinham atravessado, auxiliando-se um ao outro. E, quanto mais recordava, mais o pungiam as mágoas. Para afugentar as lembranças que o perseguiam, levantou-se e pôs-se a caminhar a esmo ao longo da praia.
Mas quando o Sol começava a ralar no horizonte, atrelou os cavalos, amarrou ao carro o cadáver de Heitor e deu três voltas, arrastando-o, em torno do túmulo de Pátroclo. Depois, deixou o corpo ali mesmo, com o rosto voltado para o chão. Em seguida, recolheu-se à sua tenda.
Entretanto, Apolo apiedara-se do infeliz troiano e cobrira-lhe o corpo com a sua égide de ouro para que, apesar da fúria de Aquiles, ele se conservasse intacto.
Durante doze dias Aquiles repetiu a façanha mas, ao cabo desse período, o próprio Júpiter já estava irritado com aquela falta de respeito pelo morto. À excepção de Juno, Minerva e Neptuno, os restantes deuses sentiam a mesma coisa. Por fim, o deus plenipotente resolveu tomar uma iniciativa. Chamou a mensageira Íris e mandou-a ao fundo do mar para dizer a Tétis que viesse à sua real presença.
Estava a mãe de Aquiles numa profunda gruta, rodeada de outras divindades marinhas, e chorava a sorte do filho que deveria morrer breve, longe da pátria. Quando Íris lhe transmitiu a mensagem de Júpiter ela apressou-se em correr ao Olimpo para ouvir a palavra do deus.
Ao chegar, encontrou os deuses reunidos em torno de Júpiter, ao lado de quem se foi sentar, no lugar que lhe cedeu Minerva. Então o pai dos deuses, saudando-a, disse-lhe: