Altas horas da noite, o sono dominava o acampamento dos gregos. Mas Agamémnon, presa de uma angústia inexplicável, não conseguia dormir. O seu animo vacilava e o espectro da derrota enchia-o de pavor. Alongando o olhar para o acampamento troiano, via o clarão das fogueiras e apercebia-se da actividade das tropas, enquanto que do lado dos exércitos gregos todos dormiam a sono solto. Lembrou-se, então, de ir procurar Nestor e pedir-lhe um conselho, um plano que os pudesse salvar a todos. A caminho encontrou Menelau, que também não pudera conciliar o sono e que, envergando as pesadas armas, vinha à sua procura. Ficaram ambos satisfeitos com o encontro e Menelau foi o primeiro a falar:
—Para onde vais, meu irmão, assim armado, a estas horas da noite? Pensas em enviar alguém para observar o que fazem os troianos? Receio, apenas, que nào encontres ninguém que queira correr esse risco.
— Não vejo nenhuma solução para escapar da derrota—respondeu-lhe Agamémnon. — Não há dúvida que os deuses imortais estão com Heitor e que me abandonaram. Apesar disso vamos pedir conselhos ao sábio Nestor e ao astuto Ulisses, pois talvez eles consigam engendrar um meio de escaparmos. Vai acordar Ájax, filho de Télamon, Idomeneu, e os outros chefes cujos barcos estão mais distantes, enquanto eu vou ao encontro do velho Nestor.
Foi com boa vontade que Menelau se apressou a cumprir as ordens do seu irmão, ansioso, como estava, por afastar da mente os pensamentos que a atormentavam. Agamémnon, empunhando uma tocha acesa, entrou n barraca de Nestor que dormia tranquilamente.
— És tu, Agamémnon? O que se passa? — perguntou ele.
E Agamémnon expôs-lhe, de imediato, o motivo da sua presença.