Agora a batalha passara a ser travada junto às muralhas que os grego tinham construído para a defesa dos navios. Em torno da grande muralha o largo e profundo fosso cavado pelos helenos dificultava ainda mais o acesso às embarcações gregas. Mas Heitor, impetuoso como um furacão, avançava sempre, concitando os companheiros a que não se detivessem diante de nenhum obstáculo. Os cavalos relinchavam, empinavam-se e recusavam -se a transpor a vala. Fizeram várias tentativas mas, finalmente, os guerreiros concluíram que seria inútil tentar, pois os carros não poderiam passar por ali. Foi então que Polidamas se aproximou de Heitor e lhe disse:
— Chefe, será inútil e perigoso arriscar os cavalos neste fosso. Do lado oposto existem estacas pontiagudas e os animais não teriam ponto dá apoio. Seria, também, impossível descer e manobrar os carros lá em baixo num lugar assim tão estreito. Porque, se os helenos caírem sobre nós, quem quer que esteja dentro desse buraco, não escapará. O meu conselho é c seguinte: deixaremos os carros e os cavalos aqui à beira do fosso, controlados pelos aurigas, e avançaremos a pé, em fileiras cerradas, conduzidos por ti. Assim, os gregos serão colhidos de surpresa e, se Júpiter nos ajudar, a vitória é certa.
Assim falou Polidamas e Heitor prontamente concordou. Saltou imediatamente do seu carro, no que foi imitado pelos outros troianos. Organizaram cinco batalhões dispostos por esta ordem: à frente Heitor e Polidamas, comandando os guerreiros mais valorosos; a seguir, Páris, Alcatos e Agenor; o terceiro grupo era chefiado por Heleno e Deífobo, ambos filhos de Príamo e Ásio; Eneias comandava o quarto batalhão, auxiliado pelos dois filhos de Antenor, Arquíloco e Acamas; os aliados marchavam às ordens de Sarpedão, que levava como subalternos Glauco e Asteropeu, em quem depositava a mais absoluta confiança.
Em fileiras cerradas, escudos unidos, os homens avançaram cheios dá ardor, dispostos a só se deterem depois de destruírem os navios gregos Todos, com excepção de Ásio, deixaram os cavalos com os aurigas. Má aquele insensato precipitou-se com o carro e, encontrando um porro aberto, avançou muralha adentro, acompanhado pelos seus homens. O gregos tinham deixado aquela porta aberta para que, ao recuar, os guerreiros se pudessem refugiar atrás dos muros.