Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 20: XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA

Página 213
Almoçavam eles, tanto quanto alguém pode almoçar em semelhantes condições. O cura chamou de parte Bordin e o Senhor de GranvilIe, comunicou-lhes a confidência de Marta e mostrou-lhes o fragmento da carta que ela recebera. Os dois defensores trocaram entre si um olhar, após o que Bordin disse ao cura:

- Nem uma palavra! Deve estar tudo perdido; ao menos mostremos boa cara.

Marta não tinha estofo para resistir ao director do júri e ao acusador público reunidos. Aliás as provas contra ela eram muitas. Por indicação do senador, Lechesneau mandara buscar a côdea do último pão que Marta lhe levara, e que ele deixara no subterrâneo, bem como as garrafas vazias e alguns outros objectos. Durante as longas horas do seu cativeiro, Malin fizera conjecturas sobre a sua situação e procurara os indícios capazes de lhe mostrarem o rasto dos seus inimigos; naturalmente comunicou as suas observações ao magistrado. A casa de Michu, de I construção recente, devia ter um forno novo; como as telhas e os tijolos em cima dos quais o pão era cozido tinham de apresentar um desenho qualquer nas- suas juntas, poder-se-ia obter a prova da preparação- do pão no respectivo forno, recolhendo o desenho do lar, cujas ranhuras se encontravam na dita côdea. Depois as garrafas, lacradas com lacre verde, eram, sem dúvida, iguais às que se encontravam na adega de Michu. Estas subtis observações, comunicadas ao juiz de paz, que procedeu às respectivas investigações na presença de Marta, levaram aos resultados previstos pelo senador. Vítima da bonomia aparente com que Lechesneau, o acusador público, e o comissário do governo lhe deram a entender que uma confissão completa poderia salvar a vida do marido, no momento em que se viu esmagada por estas provas incontestáveis, Marta confessou que o esconderijo para onde o senador fora levado só era conhecido de Michu, dos Senhores de Simeusee de Hauteserre, e que ela levara comestíveis ao senador por três vezes.

<< Página Anterior

pág. 213 (Capítulo 20)

Página Seguinte >>

Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 213

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236