Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 7: VII - A VISITA DOMICILIARIA

Página 68

Este homem de rosto pálido, educado na dissimulação monástica, possuidor do segredo dos montanheses, de que fez parte, e dos realistas, a que acabou por pertencer, lenta e silenciosamente estudara os homens, as coisas, os interesses da cena política; penetrou os segredos de Bonaparte, deu-lhe conselhos úteis e informações preciosas.

Satisfeito por haver mostrado a sua diplomacia e a sua utilidade. Fouché teve o cuidado de se não desvendar por completo; queria conservar-se à frente dos negócios, mas as incertezas de Napoleão a seu respeito acabaram por dar-lhe liberdade política. A ingratidão ou antes a desconfiança do imperador depois do caso de Wa1cheren explica este homem que, infelizmente para ele não era um grande senhor e cujo comportamento fora decalcado sobre o do príncipe de Talleyrand. Nessa altura nem os seus antigos, nem os seus novos colegas suspeitavam da amplitude do seu génio, puramente ministerial, essencialmente governamental, justo em todas suas previsões, e de uma incrível sagacidade. Claro que hoje em dia, para todo e qualquer historiador imperial, o amor-próprio excessivo de Napoleão é uma das muitas razões da sua queda, que, de resto, cruelmente veio a expiar os seus erros. Este soberano desconfiado nutria grande ciúme do seu jovem poder, ciúme esse que influiu em seus actos tanto pelo menos quanto o ódio secreto que alimentava contra os homens hábeis, legado precioso da Revolução, com os quais teria podido organizar um gabinete depositário dos seus pensamentos. Talleyrand e Fouché não foram os únicos que lhe fizeram sombra. Ora a desgraça dos usurpadores está em terem por inimigos aqueles que lhes deram a coroa e aqueles a quem a tiraram. Napoleão não conseguiu convencer inteiramente da sua soberania os que tivera por superiores e por iguais, nem tão-pouco aqueles que defendiam o direito; ninguém se considerava, portanto, obrigado por juramento para com ele.

<< Página Anterior

pág. 68 (Capítulo 7)

Página Seguinte >>

Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 68

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236