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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 31

Polly era uma rapariga esbelta de dezanove anos, de cabelo claro e macio, e de olhos cinzento-esverdeados. A sua boca era pequena mas carnuda e tinha o hábito de olhar para cima enquanto falava com alguém. Mrs. Mooney mandara a filha aprender dactilografia, mas como um xerife pervertido costumava ir todos os dias procurá-la ao escritório, achou melhor tirá-la de lá, e trazê-la para casa. Polly era muito alegre e tornava-se um chamariz para os rapazes; convinha tê-la em casa. Polly certamente «flirtava» com os hóspedes, sob a severa vigilância da mãe, que sabia perfeitamente que eles só faziam aquilo para passar o tempo. Assim iam correndo as coisas, até que Mrs. Mooney começou a acarinhar a ideia de mandar novamente a filha para o escritório, porque desconfiava que existia qualquer coisa entre ela e um dos rapazes. Começou, então, a observá-los.

Polly sabia-se vigiada, mas o persistente silêncio da mãe não podia ser mal interpretado. Não tinha havido nenhum entendi- mento, nem tão-pouco cumplicidade entre a mãe e a filha; apesar das pessoas de casa começarem a falar, Mrs. Mooney não intervinha; Polly começou a tornar-se um pouco estranha e o rapaz andava evidentemente perturbado. Por fim, quando achou que era oportuno, Mrs. Mooney interveio. Tratava de problemas de moral com a mesma facilidade com que um carniceiro trataria de assuntos de sua especialidade: para aquele caso já tomara uma resolução.

Estava-se no Verão. Uma alegre manhã de domingo prometendo calor, mas com leve aragem. Todas as janelas da casa de hóspedes estavam abertas e as cortinas de renda balouçavam ao sabor da brisa. O campanário da Igreja de S. Geirge e enviava constantes chamadas, e os fiéis, solitários ou em grupos, reconheciam-se quando atravessavam o largo, quer pela sua compostura, quer pelos pequenos volumes que levavam nas mãos enluvadas. O pequeno-almoço terminara, e a mesa estava recoberta de pratos, onde se vislumbravam ainda restos de ovos e de presunto. Mrs. Mooney, sentada numa cadeira de braços, observava a criada, enquanto esta levantava a mesa. Mandou-a guardar todos os bocados de pão, que seriam úteis quando se fizesse o pudim de terça-feira. Depois da mesa estar limpa, do pão guardado e da manteiga e do açúcar fechados à chave, começou a reconstruir a entrevista que tivera na véspera à noite com Polly, As coisas eram tal e qual como ela suspeitara: fora franca nas suas perguntas, e PolIy tinha sido franca nas suas respostas.

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Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 31

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86