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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 51
Todos se ergueram e acomodaram de novo nos bancos. Mr. Kernan colocou o chapéu na posição primitiva e deu toda a sua atenção ao padre.

Este endireitou as longas mangas da sobrepeliz, com gestos largos e, vagarosamente, percorrendo com um olhar os circunstantes, disse:

- Como as crianças deste mundo são mais espertas na sua geração do que as crianças da luz, fazei-vos inimigos da riqueza e da iniquidade, para que, quando morrerdes, sejais recebidos na habitação perpétua.

O padre Purdon desenvolveu o texto com segurança. Era um dos assuntos mais difíceis das Escrituras, disse ele. Um texto que podia ser compreendido por um observador casual, como variante da sublime moralidade pregada por Jesus Cristo. Aquilo, disse ele aos seus ouvintes, parecera-lhe especialmente indicado para aqueles cujo destino fora a vida neste mundo, mas que, no entanto, não desejavam vivê-la cama entes humanas. Era uma passagem para homens de negócios e profissionais, Jesus Crista, com a sua divina compreensão da natureza humana, sabia que nem todos as homens podiam ser chamadas para a vida religiosa, que a maioria tinha de viver na mundo" e até certo ponto, para a mundo'. Na sua frase queria dar-lhes umas palavras que fossem conselhos, apontando cama exemplos aqueles que acreditavam em Mammom, que eram as menos solícitas em assuntas religiosos.

Declarou aos ouvintes que estava ali, naquela noite, não' para as aterrorizar, mas simplesmente como um homem do mundo, falando para os seus companheiros. Viera para falar a homens de negócios e falaria a sua linguagem.

Se pudesse usar aquela metáfora, seria o «guarda-livros espiritual» deles, e desejava que cada um dos seus ouvintes abrisse o seu livro, o livro da vida espiritual, e verificasse a sua consciência.

Jesus Cristo não era um mestre cruel.

Compreendia a fraqueza da nossa natureza, compreendia as tentações da vida. Todos, de tempos a tempos, sofriam de tentações; todos tinham as suas faltas. Mas só pediria uma coisa aos ouvintes: Que fossem leais para com Deus. Se as suas consciências estivessem sossegadas, que dissessem:

«- Verifiquei a minha consciência, encontro-a sossegada.»

Mas se houvesse alguma coisa a confessar, que usassem de franqueza e dissessem cama homens verdadeiras e dignas: «Busquei no meu íntimo. Achei mal isto, e aquilo, mas com a graça de Deus, tudo rectificarei. A minha consciência ficará limpa e tranquila.»

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Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 51

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86