Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 7: Capítulo 7

Página 64

Quando a cozinheira lhe disse que tudo estava pronto, foi ao quarto das empregadas e tocou a sineta. Dentro de poucos minutos as mulheres começaram a aparecer duas a duas, ou por grupos maiores, enxugando as mãos cheias de vapor às saias, e baixando as mangas das blusas.

Sentaram-se em frente das enormes canecas que a cozinheira enchia de chá quente, previamente misturado com leite e açúcar. Maria superintendeu à distribuição do bolo e verificou se cada mulher obtinha as quatro fatias da praxe. Havia sempre muita risada e conversa durante a refeição. Lizzie Fleming disse que estava certa de que o anel sairia a Maria, e Maria, apesar de Fleming dizer aquilo já há tantos anos, riu-se, afirmando que não queria o anel, nem nenhum homem. Quando se riu, os seus olhos cinzento-esverdeados brilharam, e a ponta do nariz quase tocou na extremidade do queixo. Então, Ginger Mooney levantou a sua caneca de chá e propôs um brinde à saúde de Maria. E Maria riu gostosamente, voltando a tocar o queixo com a ponta do nariz.

Maria ficou contente quando as empregadas acabaram o lanche, e a cozinheira principiou a levantar a mesa... Dirigiu-se para o seu pequeno quarto, e, lembrando-se de que no dia seguinte era dia de missa, mudou o seu despertador das sete para as seis. Depois, despiu o fato de trabalho, tirou os sapatos de andar por casa e estendeu a sua melhor saia em cima da cama. Mudou também de blusa. Enquanto estava em frente do espelho, recordou-se da maneira como se costumava vestir nos tempos da juventude, e olhou com afectação para o diminuto corpo que tantas vezes adornara com amor. Apesar da idade, ainda se podia considerar um corpo gentil e apresentável.

Quando saiu, as ruas brilhavam com a chuva. Ficou satisfeita por ter posto a velha capa de borracha castanha. O carro que tomou estava cheio. Foi obrigada a sentar-se no banquinho ao fundo, de frente para todos com os pés pendurados, mal tocando no chão. Pensou em tudo o que ia fazer, em como era bom ser independente e ter o seu dinheiro na algibeira. Maria esperava passar uma noite agradável. Tinha a certeza de que seria assim mas não podia deixar de lastimar o facto de Alphy e Joe estarem a mal. Agora andavam sempre zangados, mas enquanto rapazes, haviam sido os melhores amigos. Assim era a vida...

Saiu do carro no Pillar e furou por entre a multidão.

<< Página Anterior

pág. 64 (Capítulo 7)

Página Seguinte >>

Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 64

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86