'Porquê?', murmurou ela. Senti aquela espécie de raiva que se apodera de nós durante uma luta encarniçada. O espectro tentava livrar-se das minhas garras. 'Porquê?', repetiu ela em voz alta. 'Diga-me.' E, como me visse ficar confundido, pôs-se a bater com o pé no chão como uma criança mimada. 'Porquê? Fale.' 'Quer saber?', perguntei-lhe numa fúria. 'Sim!', gritou ela. 'Porque ele não é digno de voltar para lá', disse eu brutalmente. Durante o silêncio que se seguiu vi, na outra margem, a fogueira avivar-se de repente, dilatar-se o círculo de luz como uma estrela assombrada e reduzir-se de súbito a uma ponta de alfinete no rubro. Só compreendi como ela estava perto de mim quando senti os seus dedos aferrarem-se ao meu braço como garras. Sem elevar o tom, ela pôs na voz um infinito desprezo ardente, de amargura e de desespero.
«Foi isso exactamente o que ele me disse... Mente!'
«A última palavra foi-me gritada no dialecto indígena. 'Ouça-me!', supliquei-lhe; mas ela susteve a respiração e soltou-me o braço com violência. 'Ninguém... ninguém é digno', comecei com grande veemência. Eu percebia o esforço convulsivo da sua respiração, terrivelmente acelerada. Deixei pender a cabeça. De que servia? Aproximavam-se passos; escapuli-me sem acrescentar mais nada...»