A você... a você... eu nem sei o seu nome... dava-lhe eu uma nota de cinco libras, se a tivesse, pelas notícias... ou eu não me chame Brown... ' Arreganhou os dentes de uma maneira horrível. '... Sr. Brown.'
«As suas palavras eram entrecortadas de inspirações profundas; fixava em mim uns olhos amarelos, enterrados numa cara morena e gasta; o braço esquerdo tinha movimentos espasmódicos; uma barba emaranhada grisalha caía-lhe quase até à cintura, e um cobertor sujo e esburacado cobria-lhe as pernas. Descobrira-o em Banguecoque através desse intrometido do Schömberg, o dono do hotel, que me tinha indicado confidencialmente onde devia procurá-lo. Parece que uma espécie do vagabundo bêbado e mandrião, um branco que vivia no bairro indígena com uma siamesa, considerara um grande privilégio abrigar os últimos dias do famoso Sr. Brown. Enquanto conversávamos naquela choça miserável o moribundo lutava, por assim dizer, por cada minuto de vida, a siamesa, com umas pernas grossas e nuas e uma larga cara estúpida, permanecia sentada num canto escuro e mascava betel com um ar impassível. Levantava-se de vez em quando, a fim de enxotar uma galinha para fora da porta, e a palhoça tremia toda quando ela andava. Uma criança feia e amarela, nua e barriguda como um pequeno deus pagão, estava postada aos pés da cama, com um dedo metido na boca, perdida na contemplação calma e profunda do moribundo.
«Brown falava febrilmente, mas às vezes, no meio de uma palavra, parecia que uma mão invisível o agarrava pela garganta, e ele lançava-me um olhar mudo, com uma expressão de dúvida e de angústia. Parecia recear que eu acabasse por me cansar de estar à espera e me fosse embora sem lhe dar tempo de contar a história e de exprimir a sua alegria.