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Capítulo 1: I

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I

O CAPITÃO MACWHIRR, do vapor Nan-Shan, tinha uma fisionomia que, sob o ponto de vista das parecenças materiais, era o exacto duplicado da sua mente: não apresentava quaisquer características vincadas de firmeza ou estupidez; não possuía quaisquer características dignas de nota, fossem elas quais fossem; era simplesmente vulgar, fácil de esquecer e imperturbável.

A única coisa que se podia dizer que o seu aspecto sugeria, às vezes, era timidez; porque costumava sentar-se nas agências de navegação, em terra, bronzeado pelo sol e sorrindo vagamente, com os olhos postos no chão. Quando os erguia, descobria-se que eram directos no olhar e de cor azul. O seu cabelo era louro e extremamente fino, apertando de têmpora a têmpora a abóbada calva do crânio num grampo de seda penugenta. O pêlo da face, pelo contrário, ruivo e flamejante, lembrava uma plantação de fio de cobre aparada rente até ao contorno do lábio; enquanto, por mais que se escanhoasse, inflamados lampejos metálicos passavam, quando ele movia a cabeça, por cima da superfície das faces. Ficava um pouco abaixo da altura média, um tanto arredondado de ombros, e tão forte de membros que as roupas pareciam sempre um número demasiado apertadas para os seus braços e pernas. Como se fosse incapaz de perceber o que é devido à diferença de latitudes, usava um chapéu de coco castanho, fato de tom acastanhado e botas pretas grosseiras. Estes trajos de terra davam à sua figura espessa um ar de tosca e resoluta elegância. Uma fina cadeia de relógio de prata encurvava-se por cima do colete, e ele nunca deixava o navio para ir a terra sem apertar no forte punho cabeludo um elegante guarda-sol de primeiríssima qualidade, mas geralmente desenrolado. O jovem Jukes, o imediato, acompanhando o seu comandante ao portaló, ousava às vezes dizer, com a maior gentileza, «Permita-me, sir- - e apoderando-se atenciosamente do guarda-sol elevava a virola, sacudia as dobras, enrolava com elegância o pano e devolvia-o, executando todas estas operações com um ar de tão portentosa gravidade que o senhor Salomão Rout, o primeiro-maquinista, fumando o seu charuto matinal por cima da gaiuta, voltava a cabeça para o lado a fim de ocultar um sorriso.

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pág. 1 (Capítulo 1)

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Capa do livro Tufão
Páginas: 103
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Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 37
IV 49
V 72
VI 91