VI NUM CLARO DIA de sol, com a brisa a empurrar-lhe o fumo muito para a frente, o Nan-Shan entrou no porto de Fu-Chau. A sua chegada foi imediatamente notada em terra e os marinheiros que se encontravam no porto diziam: «Olhem. Olhem-me para aquele navio. Que vem a ser aquilo? Siamês... não é? Mas olhem-me para ele...
O navio, com efeito, parecia ter servido de alvo móvel às baterias de um cruzador ligeiro. Uma salva de granadas de pequeno calibre não poderia ter dado às suas obras mortas um aspecto mais arruinado, torcido e devastado; e havia em todo ele aquele ar gasto, fatigado, dos navios que vêm dos confins do mundo - e com toda a razão, porque na sua curta viagem ele tinha ido muito longe; avistando, na verdade, até a costa do Além, de onde nenhum navio jamais volta para entregar a sua tripulação ao pó da terra. Vinha incrustado e cinzento de sal até ao topo dos mastros e à boca da chaminé; como se (no dizer de um chistoso homem do mar) «a malta a bordo o tivesse ido pescar algures no fundo do mar e o trouxesse para leiloar os salvados». E animado com o bom acolhimento do seu chiste, ofereceu dar cinco libras pelo navio - «no estado em que se encontra».
Não fazia ainda uma hora que o Nan-Shan tinha fundeado, quando um homenzinho magro, com a ponta do nariz vermelha e uma expressão irritada na cara, desembarcou de uma sampana no cais da Concessão Estrangeira, e logo se voltou para agitar o punho fechado contra o navio.
Um tipo alto, com pernas demasiado finas para o estômago rotundo e olhos aquosos, aproximou-se e observou:
- Acabas de desembarcar... hem? Foi chegar e largar. Vestia um fato de flanela azul cheio de nódoas e calçava um par de sapatos sujos que rangiam; um bigode grisalho manchado pendia-lhe do lábio, e a luz do dia podia ver-se em dois lugares entre a aba e a copa do chapéu que lhe cobria a cabeça.