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Capítulo 13: XIII

Página 81
XIII

Ao chegar a um largo todo plantado de sovereiros, quase seculares, que havia no centro da aldeia, ainda o bom do pároco levava as algibeiras bem fornecidas.

A tarde aproximava-se do fim; estendiam-se já as sombras muito para o oriente, e coloriam-se de vermelho afogueado as vidraças voltadas ao ocaso.

O reitor encaminhou-se para uma das casas de mais miserável aparência, que havia naquele lugar.

- Terminemos por este - dizia o velho consigo.

Empurrou adiante de si a porta desta casa e ia a entrar, quando deu de rosto com Margarida, que saía.

Os olhos vermelhos da sua pupila, a expressão de dor que trazia no semblante, chamaram a atenção do reitor.

- Que tens, Margarida? - perguntou ele com solicitude. - Esses olhos são de quem chorou.

- É que despedaça o coração ouvi-lo.

- Então está mais doente?

- Está muito mal.

- E aonde ias tu?

- A casa. O boticário quer o dinheiro dos remédios...

- Que não vá arruinar-se o homem. Deixa que tem de me ouvir. É pior que o pior dos seus cáusticos. Porém não tem dúvida, que eu venho bem provido. Entra, mas antes alegra-me esse rosto.

Vamos.

E os dois entraram na sala. O interior da casa não contradizia o aspecto de fora.

Era a casa de um pobre.

Com a cabeça encostada nas mãos e os cotovelos apoiados na mesa, estava um homem encanecido e pálido - tão absorto, que nem deu pela chegada do reitor, o qual se aproximou dele lentamente.

Este homem era o infeliz, que servira de mestre a Margarida.

O pároco ficou por algum tempo a observá-lo em silêncio; vendo porém que não era sentido, dirigiu-lhe a palavra:

- Que grande dormir é esse, Sr. Álvaro, que nem dá pela chegada de um amigo?

O velho levantou finalmente a cabeça, como sobressaltado por aquela voz.

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Capa do livro As Pupilas do Senhor Reitor
Páginas: 332
Página atual: 81

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 6
III 12
IV 16
V 25
VI 31
VII 35
VIII 43
IX 52
X 59
XI 65
XII 74
XIII 81
XIV 88
XV 95
XVI 102
XVII 109
XVIII 119
XIX 127
XX 134
XXI 139
XXII 147
XXIII 153
XXIV 161
XXV 170
XXVI 179
XXVII 187
XXVIII 192
XXIX 198
XXX 212
XXXI 219
XXXII 225
XXXIII 232
XXXIV 240
XXXV 247
XXXVI 256
XXXVII 261
XXXVIII 271
XXXIX 280
XL 296
XLI 306
XLII 316