– Carlos tem uma alma generosa, leal; eu tenho sido deveras injusto com ele.
Jenny exultou ao ouvir esta confissão.
– Escuso de perguntar – disse ela – se foi indulgente com o culpado; tenho até a pedir-lhe perdão de ter antes exigido a promessa daquilo que por certo espontaneamente faria.
– Enganas-te; eu castigo.
Jenny olhou-o inquieta.
– O castigo é um dever moral – prosseguiu o pai. – É o meio de regeneração. As almas fracas e vis castigam-se com rigores; só o medo pode refreá-las. Mas Paulo, apesar da sua fraqueza, tem vigorosos ainda os instintos da honra; para estes o castigo, que regenera, é o pagar a culpa com o benefício. No mesmo dia em que Manuel Quintino for meu sócio, Paulo será nosso guarda-livros, ser-lhe-ão aumentados os salários e confiada a caixa.
Jenny beijou as mãos do pai.
– Deus não castiga por outra forma.
– Não digas heresias, Jenny.
Haviam chegado a casa.
– Agora podes fazer a Manuel Quintino o teu presente – disse Mr. Richard.
– E depois…
– Depois examinaremos devagar o resto das tuas loucuras.