Coitada! Está bem servida! Persuade-se talvez que o filho do Capitão a quer para alguma coisa, nem que ele não tivesse melhores caras, nem raparigas ricas... E o que é certo, é que a delambida anda já tão emproada, que não dá palavra a ninguém; parece até fugir da gente Está servida! O filho do Capitão há de casar com ela, quando o mundo se acabar. Nem que o Sr. Fernando fosse algum tolo.
Os supersticiosos diziam:
- A rapariga, segundo asseveram, anda doida pelo rapaz; não digo nada para não errar, mas aquela amizade não pode ter bom fim. O filho do Capitão é rico e dentro em pouco terá uma linda posição, além disso é estudante, e isto de estudantes, nem pintados... Enfim, pode ser que a rapariga lhe calhasse e que venha a casar com ela, mas duvido muito. Deus ampare aquela boa rapariga e a livre de alguma desgraça... O mundo está de uma forma que devemos sempre julgar o pior. Têm-se por aí visto tantos exemplos...
Finalmente, os bondosos desinteressados exclamavam com convicção:
- Aquilo é mocidade, e por isso deixem-nos divertir. O morgado, enquanto por ali anda, quer passar o tempo, e faz muito bem; ela é nova e solteira, e por isso está no seu direito de dar trela a quem quiser. Daqui a dois dias aborrecem-se ou zangam-se por dá cá aquela palha, e cada um trata de procurar outro norte. Aquilo não vale nada; deixem-nos divertir...
Eram estas as três opiniões em que se dividia a população da aldeia, advertindo que o número dos supersticiosos era maior, porque as suas ideias tendiam mais para o mal.
Relativamente aos pais dos dois amantes, a avó de Rosa, conquanto todos os dias lhe soprassem aos ouvidos algumas chufas e ditozinhos maliciosos, não lhes dava a mínima importância, e, como os bons e desinteressados, não se opusera às relações da sua neta, porque não via nelas mais que um passatempo próprio da sua idade.