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Capítulo 8: CAPÍTULO 6

Página 69
se estiraçavam sobre ele, a poluí-lo, a sugá-lo!… Três? Quem sabia se uma multidão?… E ao mesmo tempo que esta ideia me despedaçava, vinha-me um desejo perverso de que assim fosse…

Ao estrebuchá-la agora, em verdade, era como se, em beijos monstruosos, eu possuísse também todos os corpos masculinos que resvalavam pelo seu.

A minha ânsia convertera-se em achar na sua carne uma mordedura, uma escoriação de amor, qualquer rastro de outro amante…

E um dia de triunfo, finalmente, descobri-lhe no seio esquerdo uma grande nódoa negra… Num ímpeto, numa fúria, colei a minha boca a essa mancha - chupando-a, trincando-a, dilacerando-a…

Marta, porém, não gritou. Era muito natural que gritasse com a minha violência, pois a boca ficara-me até sabendo a sangue. Mas o certo é que não teve um queixume. Nem mesmo parecera notar essa carícia brutal…

De modo que, depois de ela sair, eu não pude recordar-me do meu beijo de fogo - foi-me impossível relembrá-lo numa estranha dúvida…

* * *

Ai, quanto eu não daria por conhecer o seu outro amante… os seus outros amantes…

Se ela me contasse os seus amores livremente, sinceramente, se eu não ignorasse as suas horas - todo o meu ciúme desapareceria, não teria razão de existir.

Com efeito, se ela não se ocultasse de mim, se apenas se ocultasse dos outros, eu seria o primeiro. Logo, só me poderia envaidecer; de forma alguma me poderia revoltar em orgulho. Porque a verdade era essa, atingira: todo o meu sofrimento provinha apenas do meu orgulho ferido.

Não, não me enganara outrora, ao pensar que nada me angustiaria por a minha amante se entregar a outros. Unicamente era necessário que ela me contasse os seus amores, os seus espasmos até.

O meu orgulho só não admitia segredos. E em Marta era tudo mistério.

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Capa do livro A Confissão de Lúcio
Páginas: 93
Página atual: 69

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
A CONFISSÃO DE LÚCIO 1
PREFÁCIO 2
CAPÍTULO 1 4
CAPÍTULO 2 22
CAPÍTULO 3 40
CAPÍTULO 4 51
CAPÍTULO 5 57
CAPÍTULO 6 64
CAPÍTULO 7 81
CAPÍTULO 8 90