Ao aperceber-se de que o silêncio era absoluto, deu graças ao destino e, voltando-se devagar, entre os sumagres, procurou um caminho, que seguiu rapidamente, mas com cautela. Ao chegar à pedreira, sentiu-se seguro e deitou a correr pela encosta abaixo em direcção à casa do galês. Bateu à porta, e daí a pouco o velhote e os dois filhos apareceram à janela.
- Que barulho é este? Quem está aí? O que quer?
- Deixe-me entrar depressa. Já digo tudo.
- Porquê? Quem és tu?
- Huckleberry Finn.
- É Huckleberry Finn, de facto! Não parece um nome capaz de fazer com que se abram as portas! Mas deixem-no entrar, filhos, e vamos ver o que ele quer.
- Por tudo lhes peço que não digam que fui eu que lhes contei! - suplicou Huck mal entrou. - Eram capazes de me matar, com certeza, mas a viúva já tem sido boa para mim muitas vezes e quero dizer... Conto tudo se prometerem que não me denunciam.
- O rapazinho tem com certeza alguma coisa que dizer! - exclamou o homem. - Fala lá, que ninguém vai acusar-te, rapaz!
Passados três minutos, o velho e os filhos, bem armados, subiram a colina e meteram por entre os sumagres, nos bicos dos pés e de armas assestadas. Huck não chegou mais longe. Escondeu-se por detrás de uma pedra enorme, e ficou à escuta. Houve um longo silêncio, no fim do qual se ouviram tiros e um grito.
Huck não esperou mais para deitar a correr pela encosta abaixo, tão depressa quanto as suas pernas podiam levá-lo.