- Diz a este senhor como te chamas, Tomás, e diz sir!- recomendou Walters. - É preciso ser bem educado.
- Tomás Sawyer, sir.
- Isso sim! Bom rapaz. Belo rapaz! És um homenzinho. Dois mil versículos é muito. Mesmo muito. E verás que nunca te hás-de arrepender do trabalho que tiveste a decorá-los, porque o saber é de tudo no mundo o que mais vale; faz homens grandes e bons e, quando um dia tu fores um homem grande e bom, Tomás, hás-de olhar para o passado e dizer: «É aos ensinamentos da escola de doutrina da minha meninice que devo isto tudo; é aos meus queridos professores que me ensinaram a estudar, é ao bom director que me encorajou e olhou por mim e me deu uma linda Bíblia, uma esplêndida e valiosa Bíblia para guardar só para mim, sempre, é à boa educação que me deram que devo o que sou.» Assim hás-de tu falar, Tomás, e nenhum dinheiro pagará estes dois mil versículos. Não, por certo. E agora não te importas de me dizer, e a esta senhora, um pouco do que aprendeste? Com certeza que não, porque bem sabes o prazer que temos em ver que os rapazes aprendem. Sabes, sem dúvida, por exemplo, os nomes dos doze discípulos e vais dizer-nos como se chamavam os dois primeiros citados.
Tom puxava desesperadamente por uma casa do casaco e parecia intimidado. Corou, baixou os olhos, e Mr. Walters sentiu o coração aos pés. Disse consigo que o rapaz não podia por certo responder à mais simples pergunta e detestou o juiz por lha fazer. No entanto, sentia-se na obrigação de falar e disse:
- Responde a este senhor, Tomás. Não tenhas receio. Tom não se decidia.
- Vamos, ele vai dizer! - insistiu a senhora. - Os nomes dos dois primeiros discípulos eram...
- David e Golias!
Baixemos a cortina da caridade sobre o resto da cena.