Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 5: Capítulo 5

Página 27
Esfregava as patas da frente, passava-as por cima da cabeça, friccionando-a tão vigorosamente que dava a impressão de a separar do corpo, e mostrava o fio delgado que era o seu pescoço; passava as pernas de trás pelas asas, alisando-as e aconchegando-as ao corpo como se fossem as abas de um casaco; cuidava enfim dos seus arranjos com uma tranquilidade absoluta, como quem sabe que está livre de perigo. E estava, de facto, porque, por muitos que fossem os formigueiros que Tom sentia nas mãos para a agarrar, não se atrevia a isso, receando perder a sua alma se tal fizesse durante a oração. Mas, mal a frase final começou a ouvir-se, curvou os dedos e foi adiantando a mão de forma que, no mesmo instante em que se ouviu o «árnen», a mosca foi transformada numa presa de guerra. A tia, a quem o facto não passou despercebido, mandou-o libertá-la.

O padre pôs de parte o livro de textos e começou a discorrer sobre um assunto tão maçador que se viram pender muitas cabeças, embora o padre falasse a respeito do fogo do Inferno, de enxofre, e mostrasse um número de eleitos tão reduzido que quase dava vontade de não ser salvo. Tom contou as páginas do sermão; à saída da igreja sabia sempre de quantas páginas ele constara, mas raras vezes sabia de que tinha tratado. No entanto, naquele dia tinha-se interessado pelo assunto durante algum tempo, porque o padre descrevera muito ao vivo o que seria a reunião da Humanidade no fim do Mundo, quando o leão e o cordeiro se juntassem e uma criança os conduzisse. O pequeno não pôde abranger o sentido dramático, a lição, a moral do quadro, mas viu o brilho do personagem principal ante o olhar dos outros e iluminou-se-lhe o rosto ao pensar que desejaria bem ser essa criança, contanto que o leão estivesse domesticado.

Porém, o sofrimento voltou quando o padre continuou a discorrer sobre o primeiro ponto. Passados instantes, Tom lembrou-se de um tesouro que possuía e tirou-o do bolso. Era uma enorme carocha guardada numa caixa de cartuchos. A primeira coisa que fez a carocha foi picar-lhe o dedo. O rapaz estremeceu, metendo o dedo na boca, e a carocha caiu pesadamente no chão, virada de costas e a espernear sem conseguir voltar-se. Tom olhou para ela desejoso de a agarrar, mas não lhe chegou. Entretanto, outras pessoas, a quem o sermão também não interessava muito, viram a carocha e entretiveram-se a olhar para ela.

<< Página Anterior

pág. 27 (Capítulo 5)

Página Seguinte >>

Capa do livro As Aventuras de Tom Sawyer
Páginas: 174
Página atual: 27

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 7
Capítulo 3 12
Capítulo 4 17
Capítulo 5 25
Capítulo 6 30
Capítulo 7 38
Capítulo 8 43
Capítulo 9 47
Capítulo 10 52
Capítulo 11 57
Capítulo 12 61
Capítulo 13 65
Capítulo 14 71
Capítulo 15 76
Capítulo 16 80
Capítulo 17 88
Capítulo 18 91
Capítulo 19 98
Capítulo 20 100
Capítulo 21 104
Capítulo 22 110
Capítulo 23 113
Capítulo 24 118
Capítulo 25 119
Capítulo 26 124
Capítulo 27 131
Capítulo 28 133
Capítulo 29 136
Capítulo 30 142
Capítulo 31 149
Capítulo 32 157
Capítulo 33 160
Capítulo 34 168
Capítulo 35 170
Capítulo 36 174