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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 48
Noutro tempo, em cada uma delas tinha sido pintado o nome da pessoa a quem era consagrada, mas, ainda mesmo que houvesse luz, ninguém conseguiria lê-las.

Um vento fraco perpassou nas árvores e Tom receou que fossem os espíritos dos mortos a lamentarem-se de os terem perturbado. Os rapazes falavam pouco e muito baixinho porque a solenidade da hora e do lugar lhes oprimia o espírito. Encontraram o montículo, feito de fresco, que procuravam e esconderam-se ambos por detrás dos troncos dos grandes ulmeiros agrupados a poucos pés da sepultura. Aí esperaram um espaço de tempo que lhes pareceu sem fim. O piar de um mocho muito ao longe era o único barulho que cortava o silêncio. Enervado, Tom sentiu que tinha de falar, por força, e segredou:

- Huck, parece-te que agrada aos mortos a nossa vinda aqui?

- Bem gostava eu de saber! - respondeu o outro. - Não achas que isto tem um ar solene? - Se tem!

Houve uma pausa durante a qual os rapazes estudaram o assunto, e Tom perguntou:

- Huck, pensas que Hoss Williams nos ouve falar?

- Está claro que ouve. Pelo menos o seu espírito ouve.

Passados momentos, Tom tornou:

- Tenho pena de não ter dito Mr. Williams, mas não foi por mal. Todos lhe chamavam Hoss.

- Uma pessoa não se pode pôr com esquisitices a respeito da maneira como fala dos mortos, Tom.

Isto foi dito em surdina, e logo em seguida calaram-se. Mas, instantes depois, Tom segurou o braço de Huckleberry e exclamou:

- Não faças bulha!

- Que é, Tom?

Agarraram-se um ao outro, com o coração a bater. - Caluda! Lá está outra vez. Não ouviste?

- Eu?...

- Agora. Não ouves?

- Oh! Meu Deus! Tom, lá vêm eles! Lá vêm eles, com certeza. Que havemos de fazer?

- Não sei. E se nos vêem?

- Oh! Tom, eles vêem no escuro tal e qual como os gatos. Já tenho pena de ter vindo.

- Não tenhas medo. Não me parece que nos façam mal. Nós estamos tão quietos... Se não fizermos barulho, talvez não dêem por nós. - Vou fazer a diligência, Tom, mas estou todo a tremer.

Com as cabeças muito juntas e quase sem respirar, os dois rapazes esperaram, enquanto o som abafado de vozes se aproximava, vindo do outro extremo do cemitério.

- Olha! Olha para ali! - segredou Tom. - Que é aquilo?

- Parece lume. Oh! Tom, é horrível!

Na escuridão distinguiam-se a custo uns vultos vagos que se aproximavam, balouçando uma lanterna acesa cuja luz punha no chão inúmeras manchas.

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Capa do livro As Aventuras de Tom Sawyer
Páginas: 174
Página atual: 48

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 7
Capítulo 3 12
Capítulo 4 17
Capítulo 5 25
Capítulo 6 30
Capítulo 7 38
Capítulo 8 43
Capítulo 9 47
Capítulo 10 52
Capítulo 11 57
Capítulo 12 61
Capítulo 13 65
Capítulo 14 71
Capítulo 15 76
Capítulo 16 80
Capítulo 17 88
Capítulo 18 91
Capítulo 19 98
Capítulo 20 100
Capítulo 21 104
Capítulo 22 110
Capítulo 23 113
Capítulo 24 118
Capítulo 25 119
Capítulo 26 124
Capítulo 27 131
Capítulo 28 133
Capítulo 29 136
Capítulo 30 142
Capítulo 31 149
Capítulo 32 157
Capítulo 33 160
Capítulo 34 168
Capítulo 35 170
Capítulo 36 174