– E agora? agora? Quiseste, aí tens. Toma. Tu aqui és uma desgraçada como eu. Aqui não há meninas. E agora? agora? pensas que és mais do que as outras?
– Sou mais desgraçada.
E pôs-se a soluçar.
Mas de súbito a Mouca gritou:
– Perdão! perdoe-me, menina! Eu era por inveja.
Saiba: não a podia ver por inveja. Fui sempre assim, Não me fique com raiva. Eu dizia cá comigo: Então os outros têm mãe e eu nunca a tive? Os outros são infelizes um dia, mas eu fui infeliz desde que nasci. Criaram-me os ladrões, já deve ter ouvido. Tenho sido muito má pra a menina, peço-lhe que me perdoe. Era por inveja. Peço-lhe que se ria pra mim, para me mostrar que não está zangada comigo. É boa! eu dizia cá por dentro: hei-de pô-la tão rasa como eu. Que é ela mais do que eu? Sabe porque lhe tinha esta osga? Por ver que a menina era infeliz e boa pra todos. Eu sou assim, sou como um cão.
Peço-lhe uma coisa... Bata-me, para eu acreditar que é minha amiga.