Sê sempre bom, porque a bondade eterniza o amor.
Os crimes da matéria pune-os a matéria, os crimes do espírito pune-os o espírito.
Já ouviste que as árvores, o mar e as pedras tivessem dúvidas ou tremessem de pavor?
Ver o sol, o universo, olhar, já é um prodigioso milagre. Mas tocar, compreender calhaus, almas, ter raízes em todas as estrelas, no céu e no oceano – é o portentoso sonho.
O homem arranca de si próprio universos de beleza.
O homem tem uma centelha de prodigiosa alma que erra no grande mar de sonho que vai espraiar-se de estrela a estrela e tudo enche, doirado e enorme, e que em si consubstancia o génio, a beleza, o amor. Logo que a matéria se dispersa, a imorredoura faísca volta ao atlântico donde tinha saído.
Criamos cada um de nós um universo de angústia ou de beleza, ressequido ou de fogo. São felizes os bons portanto. Há no entanto criaturas que vivem sem suspeitarem que o universo existe.» Às vezes nos mais simples factos encontra-se mistério, como num punhado de desprezível terra há uma força escondida. Parece inerte. Esperai, porém, que março a toque!... Assim esse pobre desajeitado, sempre tímido e vestido de negro, tinha uma existência feliz.
Na trapeira passava as horas a cismar nessa rapariga quase tísica, com um ar de máscara que vai gritar de aflição. A Mouca foi amada como as princesas lendárias, e esses amores entre um filósofo esfaimado e uma mulher da vida tinham não sei que enternecido interesse. Sobre os calhamaços do Gabiru alguém encontrou por vezes flores ressequidas e nessa primavera – caso único – o vento trouxe por cima dos telhados duas borboletas que vieram noivar no saguão.
Ele era feliz. Que importa ter-se fome, se se ama?
O amor e a fé não transformam o mundo até às suas mais profundas raízes? Quem diz que se não podem construir com aquelas nuvens esparsas marmóreos palácios ou estrofes de luar?
As suas teorias, as suas ideias ia-as tecendo e olhando a Árvore.