Passou o tempo; oferecia-se uma recompensa de milhares de libras, pois a morte de Sir Danvers foi sentida como uma ofensa pública; no entanto, o Sr. Hyde desaparecera do alcance da polícia, como se nunca tivesse existido. Uma grande parte do seu passado foi desenterrada e, na verdade, todo ele era infame: vieram a lume histórias que ilustravam a crueldade de um homem insensível e violento; a sua vida perversa, os seus estranhos parceiros, o ódio que parecia envolver toda a sua carreira; mas do seu paradeiro nem uma palavra. Desde que saíra da sua casa em Soho, na manhã do crime, tinha-se simplesmente eclipsado; e, com o passar do tempo, o Sr. Utterson começou gradualmente a recuperar do fervor do seu alarme, e a ficar mais em paz consigo mesmo. Na sua maneira de pensar, a morte de Sir Danvers estava a ser mais do que compensada pelo desaparecimento do Sr. Hyde. Agora que a malévola influência deste fora afastada, uma nova vida começava para o Dr. Jekyll. Saiu do seu retiro, renovou as relações com os amigos, voltou a ser o anfitrião estimado e hospitaleiro; e, apesar de ter sido sempre conhecido pelos seus actos de caridade, não deixara de se distinguir pelo fervor religioso. Mantinha-se ocupado, passava muito tempo ao ar livre, praticava o bem; o seu rosto parecia abrir-se, radiante, como se espelhasse uma íntima consciência dos seus deveres; e, durante mais de dois meses, o médico viveu em paz.