Era um contratempo, mas tive de fazer a melhor cara possível.
Afinal de contas, a culpa era minha, pois já devia saber que um jornalista não tem o direito de fazer planos pessoais.
- Então, não penso mais no assunto - disse eu, com a maior alegria que consegui reunir num prazo tão curto. Que é que queria que eu fizesse?
- Bem, queria apenas que entrevistasse aquele demónio de homem que está em Rotherfield.
- Não está a referir-se ao professor Challenger? - exclamei eu.
- Sim, é justamente a ele que me refiro. A semana passada arrastou o jovem Alec Simpson, do Courier, uns setecentos metros pela rua principal, pelo colarinho do casaco e pelos fundilhos das calças. Provavelmente, deve ter lido sobre isso na coluna policial. Os nossos rapazes preferem entrevistar um crocodilo à solta no Jardim Zoológico. Mas estava a pensar que o senhor podia fazer isso... um velho amigo como o senhor.
- Ora - disse eu, profundamente aliviado -, isto facilita tudo. Acontece que foi para visitar o professor Challenger em Rotherfield que eu pedi uns dias de licença. O facto é que é o aniversário da nossa aventura principal no planalto, há três anos, e ele convidou todo o nosso grupo para a sua casa para nos reencontrar-mos e celebrarmos a ocasião.
- Perfeito! - exclamou McArdle, a esfregar as mãos e resplandecente através dos óculos. - Assim, poderá ouvir as opiniões dele. Em qualquer outro homem eu diria que tudo não passava de um disparate, mas o fulano já teve razão uma vez, e quem sabe se não terá de novo!
- Ouvir que opiniões? - perguntei eu. - Que tem ele andado a fazer?
- Não viu a carta dele sobre «Possibilidades Científicas» no Times de hoje?
-Não.
McArdle mergulhou e pegou num exemplar que estava no chão.
- Leia em voz alta - disse ele, indicando uma coluna com o dedo. - Gostaria de ouvir novamente, pois agora não tenho a certeza de me lembrar bem do que o homem queria dizer.