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Capítulo 2: CAPÍTULO II - O que aconteceu a Cândido entre os Búlgaros

Página 5

- Não, não é isso - disse-lhe um dos dois companheiros. - Queríamos saber se amais ternamente o rei dos Búlgaros.

- Com certeza que não - disse Cândido -, porque nunca o vi.

- Oh, mas como pode isso ser! É o mais encantador dos reis, e é preciso beber à sua saúde.

- Da melhor vontade, meus senhores. - E bebeu.

- Isso nos basta - disseram-lhe - para serdes o apoio, o sustentáculo, o defensor e o herói dos Búlgaros. A vossa fortuna está feita e tendes assegurada a glória.

E imediatamente lhe lançaram os grilhões, levando-o para o regimento. Fizeram-no voltar à direita, à esquerda, alçar e baixar armas, deitar no chão, atirar, marcar passo, e deram-lhe trinta açoites. No dia seguinte fez o exercício um pouco menos mal, e apanhou apenas vinte açoites. No terceiro dia só apanhou dez, e foi considerado pelos camaradas como um prodígio.

Cândido, estupefacto, não conseguia ainda compreender muito bem como é que se tornara um herói. Num belo dia de Primavera lembrou-se de passear, caminhando sempre em frente, convencido de que era um privilégio da espécie humana, bem como dos animais, poder servir-se das pernas a seu prazer. Não tinha andado ainda duas léguas quando foi apanhado por quatro outros heróis, que o prenderam e o levaram para o calabouço. Perguntaram-lhe juridicamente que é que preferia: se ser fustigado trinta e seis vezes por todo o regimento, se receber ao mesmo tempo doze balas de chumbo na cabeça. Por mais que dissesse que a vontade é livre e que não queria uma nem outra daquelas alternativas, teve de escolher. Decidiu-se assim, em virtude do dom de Deus que se chama liberdade, a passar trinta e seis vezes pelas varas; ainda suportou duas voltas.

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Capa do livro Cândido
Páginas: 118
Página atual: 5

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - Como Cândido foi educado num belo castelo e porque dele foi expulso 1
CAPÍTULO II - O que aconteceu a Cândido entre os Búlgaros 4
CAPÍTULO III - Como Cândido se livrou dos Búlgaros e o que lhe aconteceu 7
CAPÍTULO IV - Como Cândido encontrou o seu antigo mestre de filosofia, o Dr. Pangloss, e o que lhe aconteceu 10
CAPÍTULO V - Tempestade, naufrágio, tremor de terra, e o que aconteceu ao Dr. Pangloss, a Cândido e ao anabaptista Tiago 14
CAPÍTULO VI - Como se fez um belo auto-de-fé para impedir os tremores de terra e como Cândido foi açoitado 18
CAPÍTULO VII - Como uma velha cuidou de Cândido e ele encontrou aquela que amava 20
CAPÍTULO VIII - História de Cunegundes 23
CAPÍTULO IX - O que aconteceu a Cunegundes, a Cândido, ao inquisidor-mor e ao judeu 27
CAPÍTULO X - Em que angústia Cândido, Cunegundes e a velha chegam a Cádis e como embarcaram 29
CAPÍTULO XI - História da velha 32
CAPÍTULO XII - Continuação da história das desgraças da velha 36
CAPÍTULO XIII - Como Cândido foi obrigado a separar-se da bela Cunegundes e da velha 40
CAPÍTULO XIV - Como Cândido e Cacambo foram recebidos entre os jesuítas do Paraguai 43
CAPÍTULO XV - Como Cândido matou o irmão da sua querida Cunegundes 47
CAPÍTULO XVI - O que aconteceu aos dois viajantes com duas raparigas, dois macacos e os selvagens chamados Orelhões 50
CAPÍTULO XVII - Chegada de Cândido e do seu criado ao país do Eldorado e o que aí Viram 54
CAPÍTULO XVIII - O que viram no país do Eldorado 58
CAPÍTULO XIX - O que lhes aconteceu em Suriname e como Cândido conheceu Martin 64
CAPÍTULO XX - O que aconteceu no mar a Cândido e a Martin 70
CAPÍTULO XXI - Cândido e Martin aproximam-se das costas de França e filosofam 73
CAPÍTULO XXII - O que aconteceu em França a Cândido e a Martin 75
CAPÍTULO XXIII - Cândido e Martin dirigem-se para as costas de Inglaterra e o que por lá vêem 87
CAPÍTULO XXIV - De Paquette e do Irmão Giroflée 89
CAPÍTULO XXV - Visita ao Sr. Pococuranté, nobre veneziano 94
CAPÍTULO XXVI - De uma ceia que Cândido e Martin tiveram com seis estrangeiros e quem eles eram 100
CAPÍTULO XXVII - Viagem de Cândido para Constantinopla 104
CAPÍTULO XXVIII - O que aconteceu a Cândido, Cunegundes, Pangloss, Martin, etc. 108
CAPÍTULO XXIX - Como Cândido reencontrou Cunegundes e a velha 111
CAPÍTULO XXX – Conclusão 113