Carlos acompanhou-a com os olhos, e permaneceu alguns minutos numa espécie de idiotismo, quando a viu desaparecer à saída do teatro. O seu primeiro pensamento foi segui-la; mas a prudência lembrou-lhe que era uma indignidade. O segundo foi empregar a intriga astuciosa até roubar alguma revelação àquela Sofia da primeira ordem ou à Laura da segunda. Não lhe lembraram recursos, nem eu sei quais eles poderiam ser. Laura e Sofia, para dissiparem completamente a esperança ansiosa de Carlos, tinham-se retirado. Era necessário esperar, era necessário confiar naquela mulher extraordinária, cujas promessas o alvoroçado poeta traduzia em mil versões.
Carlos retirou-se, e esqueceu não sei quantas mulheres, que ainda, na noite anterior, lhe povoaram os sonhos. Ao amanhecer, ergueu-se, e escreveu as reminiscências vivas da cena, quase fabulosa, que lhe transtornava o plano de vida.
Não houve nunca um coração