- Oh! Malvina! estou pronto a fazer todo o possível para te tranquilizar e contentar: mas deves saber que não posso satisfazer o teu desejo sem primeiro entender-me com meu pai, que está na corte. É preciso mais que saibas, que meu pai nenhuma vontade tem de libertar Isaura, tanto assim, que para se ver livre das importunações do pai dela, que também quer a todo custo libertá-la, exigiu uma soma por tal forma exorbitante, que é quase impossível o pobre homem arranjá-la.
- Ó de casa!... dá licença? - bradou neste momento com voz forte e sonora uma pessoa, que vinha subindo a escada do alpendre.
- Quem quer que é, pode entrar, - gritou Leôncio dando graças ao céu, que tão a propósito mandava-lhe uma visita para interromper aquela importuna e detestável questão e livrá-lo dos apuros em que se via entalado.
Entretanto, como se verá, não tinha muito de que congratular-se. O visitante era Miguel, o antigo feitor da fazenda, o pai de Isaura, que havia sido outrora grosseiramente despedido pelo pai de Leôncio.
Este, que ainda o não conhecia, recebeu-o com afabilidade.
- Queira sentar-se, - disse-lhe, - e dizer-nos o motivo por que nos faz a honra de procurar,
- Obrigado! - disse o recém-chegado, depois de cumprimentar respeitosamente Henrique e Malvina. - V. Sª sem dúvida é o senhor Leôncio?...
- Para o servir.
- Muito bem!... é com V. S.ª que tenho de tratar na falta do senhor seu pai. O meu negócio é simples, e julgo que o posso declarar em presença aqui do senhor e da senhora, que me parecem ser pessoas de casa.
- Sem dúvida! entre nós não há segredo, nem reservas.