O Raposo - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 67 / 111

- Então não sei que nome lhe dás. Deixar um rapaz como aquele, tão insolente e descarado, fazer de ti uma parva. Realmente não sei que ideia fazes tu de ti. Ou julgas que ele vai ter algum respeito por ti depois de te ter apanhado? Palavra que não gostaria nada de te estar na pele se casares com ele, pois não vai ser nada fácil descalçar essa bota.

- É claro que não gostarias. Aliás, as minhas botas são demasiado grandes para ti, além de não terem metade da elegância das tuas - disse March com mal disfarçado sarcasmo, arrependendo-se de seguida.

- Sempre pensei que fosses muito mais orgulhosa, palavra que sim. Uma mulher tem de se impor, tem de se fazer valer, especialmente tratando-se de um fulano como aquele. Porquê?... Porque ele é demasiado atrevido, eis porquê. Até mesmo na forma como se nos impôs logo de início.

- Nós é que lhe pedimos para ficar objectou March.

- Mas só depois de ele quase nos ter obrigado a isso. E ele é tão arrogante e autoconvencido. Meu Deus, como ele me irrita! Deixa-me sempre os nervos em franja, de tão insolente e provocador. E é-me simplesmente impossível perceber como é que tu podes permitir que ele te trate de uma forma tão reles.

- Isso não é verdade, eu não deixo que ele me trate de uma forma reles - respondeu March. - Não te preocupes com isso, nunca ninguém me tratará de uma forma reles. Nem mesmo tu, fica sabendo. - Havia um certo calor na sua voz, misto de ternura e desafio.

- Pois é, eu já sabia que ia acabar por pagar as favas - disse Banford amargamente. - É sempre assim, sou sempre eu quem leva com as culpas. Tenho a impressão que o fazes de propósito para me magoar.

Avançavam agora em silêncio, subindo a ladeira íngreme e ervosa. Ultrapassado o cume, continuaram depois por entre as urzes e o tojo.





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