O Raposo - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 69 / 111

Então, quanto ao futuro, isso depois se veria. Aquilo que desejava era que tudo acontecesse de acordo com os seus planos. Assim, naquela noite, esperava que ela aceitasse ficar a sós com ele depois de Banford ter subido para se ir deitar. Desejava poder tocar as suas faces suaves, cremosas, o seu rosto estranho, assustado. Desejava olhar de perto os seus grandes olhos negros, ler-lhe o temor nas pupilas dilatadas. E desejava mesmo poder pousar-lhe a mão no peito, sentir-lhe os seios macios sob o casaco. Só de pensar nisso, o coração batia-lhe com mais força, pulsando rápido e descompassado, tão grande era o seu desejo de o fazer. Queria certificar-se de que por baixo daquele casaco havia mesmo uns seios de mulher, suaves e macios. Pois ela andava sempre com aquele casaco de fazenda castanha tão hermeticamente abotoado até ao pescoço! E parecia-lhe a ele que aqueles suaves seios de mulher, andando sempre aferrolhados dentro daquele uniforme, tinham em si algo de perigoso, de secreto. Além do mais, tinha a impressão de que eles deveriam ser muito mais suaves e macios, muito mais belos e adoráveis, encerrados assim naquele casaco, do que o seriam os seios de Banford, ocultos por baixo das suas blusas finas e dos seus vestidos de gaze. Banford tinha certamente uns seios pequenos e rijos, de urna dureza férrea, pensava ele para consigo. Pois, apesar de toda a sua fragilidade, hipersensibilidade e delicadeza, os seus seios deveriam ser duas pequeninas bolas de ferro, ao passo que March, debaixo do seu casaco de trabalho, rijo e grosseiro, teria certamente uns seios brancos e macios, de urna alvura, de urna suavidade por desvendar. E, enquanto assim pensava, sentia o sangue ferver-lhe nas veias, correndo, esbraseado, em frenética galopada.




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