Banford, sentada na outra ponta da mesa, não dizia palavra, mas manifestava o seu nervosismo na forma ruidosa como virava e revirava a sardinha que tinha no prato. Mas ele esquecera-se totalmente da sua existência, quedando-se, embasbacado, a olhar para March enquanto ia comendo o seu pão com margarina a grandes dentadas, sem sequer ligar ao chá já quase frio.
- Bem, nunca vi nada que mudasse assim tanto uma pessoa! - murmurou entre duas dentadas.
- Oh, meu Deus! - exclamou March, cada vez mais ruborizada. - Devo estar com um ar de bicho do outro mundo!
E, levantando-se rapidamente, pegou no bule e levou-o para a cozinha, voltando a pôr a chaleira ao lume. E quando ela se debruçou sobre a lareira, agachando-se, com o seu vestido verde colado ao corpo, o rapaz contemplou-a com olhos ainda mais esbugalhados do que antes. Através do crepe, as suas formas de mulher pareciam agora suaves e femininas. Ao voltar a erguer-se, dando alguns passos na cozinha, ele viu-lhe as pernas gráceis movendo-se, suaves, sob a saia curta cortada à moda. Calçara umas meias de seda preta e uns sapatinhos de verniz com graciosas fivelas douradas.