- Sentemo-nos aqui um instante - disse então ele.
Obedientemente, ela sentou-se a seu lado.
- Dá-me a tua mão - continuou ele.
Ela deu-lhe ambas as mãos e ele tomou-as entre as suas. Jovem como era, sentiu-se estremecer.
- Casas comigo, não casas? Casas comigo antes de eu partir, não é verdade? - rogou ele.
- Porque não? Ao fim e ao cabo, não somos ambos um par de loucos? - respondeu ela.
Ele levara-a para aquele canto a fim de que ela não visse a janela iluminada sempre que olhasse para a casa através da escuridão do pátio e do quintal. Procurava mantê-la totalmente desligada do exterior, sozinha com ele ali dentro do barracão.
- Mas em que sentido é que somos um par de loucos? - perguntou ele. - Se quiseres voltar comigo para o Canadá, tenho um emprego e um bom salário à minha espera, além de que é um lugar calmo e agradável, perto das montanhas. E porque não casarás tu comigo? Sim, porque não havemos nós de nos casar? Gostaria muito de te ter lá comigo. Gostaria de saber que tinha alguém, alguém com quem me preocupar, alguém com quem pudesse viver o resto da minha vida.
- Mas ser-te-á fácil arranjar outra, outra que te convenha mais - objectou ela.
- Sim, isso é verdade, ser-me-ia fácil arranjar outra rapariga. Eu sei que sim. Mas nenhuma que eu realmente desejasse. Nunca encontrei nenhuma com quem realmente desejasse viver para sempre. Estás a ver, estou a pensar numa união para toda a vida. Se me casar, quero sentir que isso será para toda a vida. Quanto às outras raparigas ... Bom, são apenas raparigas, boas para conversar e passear uma vez por outra, nada mais. Digamos, boas para passar um bom bocado, uns momentos de prazer.