O Triunfo dos Porcos - Cap. 9: CAPÍTULO IX Pág. 74 / 94

De qualquer maneira, não teve dificuldade em provar aos outros bichos que na realidade eles não sentiam falta de comida, a despeito das aparências. Naquele momento, de fato, fora necessário realizar um reajustamento das rações (Garganta sempre se referia a "reajustamentos", nunca a "reduções"), mas, em comparação com o tempo de Jones, a diferença para melhor era enorme. Lendo os dados estatísticos em voz aguda e rápida, provou-lhes, com riqueza de detalhes, que eles recebiam mais aveia, mais feno e mais do que na época de Jones; que trabalhavam muito menos, que a água potável era de melhor qualidade, que viviam mais tempo, que havia mais palha nas baias e que as pulgas já não incomodavam tanto. Os animais acreditavam em cada palavra. Para falar a verdade, tanto Jones como tudo quanto ele representava já estavam quase apagados de suas memórias. Sabiam que a vida estava difícil e cheia de privações, que andavam constantemente com frio e com fome, e traba1hando sempre que não estavam dormindo. Mas, sem dúvida, antigamente fora muito pior. Gostavam de acreditar nisso. Além do mais, naqueles dias eram escravos, ao passo que, agora, eram livres; e tudo isso, afinal, fazia diferença, conforme Garganta sempre dizia.

Havia agora muito mais bocas a alimentar. No outono as quatro porcas haviam dado cria quase simultaneamente - trinta e um leitõezinhos ao todo. Os leitões eram malhados, e, sendo Napoleão o único cachaço da fazenda, era fácil adivinhar sua linguagem. Foi proclamado que, mais tarde, quando comprassem tábuas e tijolos, seria construída uma escola no jardim da casa. Por enquanto, os leitões seriam instruídos pelo próprio Napoleão, na cozinha. Faziam seus exercícios no jardim e eram aconselhados a não brincar com os filhotes dos outros animais.





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