CAPÍTULO IVPelo fim do verão, a notícia do que sucedia na Granja dos Bichos já se espalhara pelo condado. Todos os dias, Bola-de-Neve e Napoleão enviavam formações de pombos com instrução de misturar- se aos animais das granjas vizinhas, contar-lhes a história da Revolução e ensinar-lhes a melodia de Bichos da Inglaterra.
Jones passava a maior parte desse tempo no Leão Vermelho, em Willingdon, queixando-se, a quem quisesse ouvi-lo, da monstruosa injustiça que sofrera ao ser expulso de sua granja por uma súcia de animais imprestáveis. Os outros granjeiros eram lhe simpáticos, em princípio, mas inicialmente não lhe deram muita ajuda. No fundo, cada um imaginava secretamente alguma forma de tirar vantagem do infortúnio de Jones. Era uma sorte que os proprietários das granjas adjacentes à dos bichos estivessem permanentemente em más relações. Uma delas, chamada Foxwood, era uma granja grande, abandonada e antiquada, coberta de mato, com as pastagens cansadas e as cercas caindo.
O proprietário, Sr. Pilkington, era um sujeito indolente, granjeiro que passava a maior parte do seu tempo caçando ou pescando, conforme a estação. A outra granja, chamada Pinchfield, era menor e mais bem tratada. Seu proprietário era o Sr. Frederick, homem rude e sagaz, permanentemente envolvido em processos na justiça e com a reputação de levar a cabo barganhas muito difíceis. Os dois se hostilizavam tanto que lhes era sumamente difícil chegar a qualquer acordo, mesmo em defesa de seus próprios interesses.
Todavia, ambos estavam assustados com a Revolução na Granja dos Bichos e desejosos de prevenir que seus próprios animais tomassem maior conhecimento do assunto. De início, acharam graça na ideia de bichos gerirem por si próprios uma granja.