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“E foi que de doença crua e feia, 
A mais que eu nunca vi, desampararam 
Muitos a vida, e em terra estranha e alheia 
Os ossos para sempre sepultaram. 
Quem haverá que, sem o ver, o creia? 
Que tão disformemente ali lhe incharam 
As gengivas na boca, que crescia 
A carne, e juntamente apodrecia.
 
 
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“—Apodrecia com um fétido e bruto 
Cheiro, que o ar vizinho inficionava; 
Não tínhamos ali médico astuto, 
Cirurgião subtil menos se achava; 
Mas qualquer, neste ofício pouco instructo, 
Pela carne já podre assim cortava 
Como se fora morta, e bem convinha, 
Pois que morto ficava quem a tinha.