Frei Luís de Sousa - Cap. 1: Acto Primeiro Pág. 28 / 122

MADALENA

- Pois coitados!..

MARIA

- Coitado do povo! Que mais valem as vidas deles? Em pestes e desgraças assim, eu intendia, se governasse, que o serviço de Deus e do rei me mandava ficar, até à última, onde a miséria fosse mais e o perigo maior, para atender com remédio e amparo aos necessitados. Pois, rei não quer dizer pai comum de todos?

JORGE

- A minha donzela Teodora! Assim é, filha, mas o mundo é doutro modo, que lhe faremos?

MARIA

- Emendá-lo.

JORGE

(para Madalena, baixo)

- Sabeis que mais? Tenho medo desta criança.

MADALENA

(do mesmo modo)

- Também eu.

JORGE

(alto)

- Mas, enfim, resolveram sair; e sabereis mais que, para corte e «buen-retiro» dos nossos cinco reis, os senhores governadores de Portugal por D. Filipe de Castela, que Deus guarde, foi escolhida esta nossa boa vila de Almada, que o deveu à fama de suas águas sadias, ares lavados e graciosa vista.





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