Frei Luís de Sousa - Cap. 2: Acto Segundo Pág. 57 / 122

Vim bem coberto com esta capa…

TELMO

- Não há perigo nenhum, meu senhor; podeis estar à vontade e sem receio. Esta madrugada muito cedo estive no convento, e sei pelo senhor Frei Jorge que está, se pode dizer, tudo concluído.

MANUEL

- Pois ainda bem, Maria. E tua mãe, tua mãe, filha?

MARIA

- Desde ontem está outra…

MANUEL

(em acção de partir)

- Vamos a vê-la.

MARIA

(retendo-o)

- Não, que dorme ainda.

MANUEL

- Dorme? Oh, então melhor. Sentemo-nos aqui, filha, e conversemos. (Toma-lhe as mãos; sentam-se.) Tens as mãos tão quentes! (Beija-a na testa.) E esta testa, esta testa!… Escalda! Se isto está sempre a ferver! Valha-te Deus, Maria! Eu não quero que tu penses.

MARIA

- Então que hei-de eu fazer?

MANUEL

- Folgar, rir, brincar, tanger na harpa, correr nos campos, apanhar das flores… E Telmo que te não conte mais histórias, que te não ensine mais trovas e solaus.





Os capítulos deste livro