Frei Luís de Sousa - Cap. 2: Acto Segundo Pág. 65 / 122

Pois olha: hoje é sexta-feira…

MADALENA

- Sexta-feira! (aterrada) Ai que é sexta-feira!

MANUEL

- Para mim tem sido sempre o dia mais bem estreado de toda a semana.

MADALENA

- Sim!

MANUEL

- É o dia da paixão de Cristo, Madalena.

MADALENA

(caindo em si)

- Tens razão.

MANUEL

- É hoje sexta-feira; e daqui a oito… vamos - daqui a quinze dias bem contados, não saio de casa. Estás contente?

MADALENA

- Meu esposo, meu marido, meu querido Manuel!

MANUEL

- E tu, Maria?

MARIA

(amuada)

- Eu não.

MANUEL

(para Madalena)

- Queres tu saber porque é aquele amuo? É que eu precisava de ir hoje a Lisboa…

MADALENA

- A Lisboa… hoje!

MANUEL

- Sim; e não posso deixar de ir. Sabes que por fim desta minha pendência com os governadores, eu fiquei em dívida - quem sabe se da vida? Miguel de Moura e esses meus degenerados parentes eram capazes de tudo! - mas o certo é que fiquei em muita dívida ao arcebispo.





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