A Escrava Isaura - Cap. 17: Capítulo 17 Pág. 141 / 185

Capitulo 17

Achando-se só, Álvaro sentou-se junto a uma mesa, e apoiando nela os cotovelos com a fronte entre as mãos, ficou a cismar profundamente.

Isaura, porém, pressentindo pelo silêncio que reinava na sala, que já ali não havia pessoas estranhas, foi ter com ele.

- Senhor Álvaro, - disse ela chegando-se de manso e timidamente; - desculpe-me... eu venho decerto lhe aborrecer... queria talvez estar só... Não, minha Isaura; tu nunca me aborreces; pelo contrário, és sempre bem-vinda junto de mim...

- Mas vejo-o tão triste!... parece-me que aqui entrou mais gente, e alteravam-se vozes. Deram-lhe algum desgosto, meu senhor?...

- Nada houve de extraordinário, Isaura; foram algumas pessoas que vieram procurar o doutor Geraldo.

- Mas então, por que está assim triste e abatido?

- Não estou triste nem abatido. Estava meditando nos meios de arrancar-te do abismo da escravidão, meu anjo, e elevar-te à posição para que o céu te criou.

- Ah! senhor, não se mortifique assim por amor de uma infeliz, que não merece tais extremos, É inútil lutar contra o destino irremediável que me persegue. - Não fales assim, Isaura. Tens em bem pouca conta a minha proteção e o meu amor!...

- Não sou digna de ouvir de sua boca essa doce palavra. Empregue seu amor em outra mulher que dele seja merecedora, e esqueça-se da pobre cativa, que tornou-se indigna até de sua compaixão ocultando-lhe a sua condição, e fazendo-o passar pelo vergonhoso pesar de...

- Cala-te, Isaura... até quando pretendes lembrar-te desse maldito incidente?... eu somente fui o culpado forçando-te a ir a esse baile, e tinhas razão de sobra para não revelar-me a tua desgraça. Esquece-te disso; eu te peço pelo nosso amor, Isaura.

- Não posso esquecer-me, porque os remorsos me avivam sempre n'alma a lembrança dessa fraqueza.





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