A Escrava Isaura - Cap. 17: Capítulo 17 Pág. 145 / 185

Todavia no intuito de verificar se era fundada a sua apreensão, antes de chamar os donos da casa quis sondar as intenções do visitante.

- Não obstante, - respondeu ele, como estou autorizado pelos donos da casa a tratar de todos os seus negócios, pode V. S.ª dirigir-se a mim, e dizer o que deles pretende.

- Sim, senhor; não ponho a menor dúvida, pois o que pretendo não é nenhum mistério. Constando-me com certeza, que aqui se acha acoutada uma escrava fugida, por nome Isaura, venho apreendê-la...

- Nesse caso deve entender-se comigo, que sou o depositário dessa escrava.

- Ah!.. pelo que vejo, V. S.ª é o senhor Álvaro!...

- Um criado de V. S.ª.

- Bem; muito estimo encontrá-lo por aqui; pois saiba também que eu sou Leôncio, o legítimo senhor dessa escrava. Leôncio. ... o senhor de Isaura!

Álvaro ficou como esmagado sob o peso desta fulminante e tremenda revelação. Mudo e atônito, contemplou por alguns instantes aquele homem de sombria catadura, que se lhe apresentava aos olhos, implacável e sinistro como Lúcifer, prestes a empolgar a vítima, que deseja arrastar aos infernos. Suor frio porejou-lhe pela testa, e a mais pungente angústia apertou-lhe o coração.

- É ele!... é o próprio algoz!... ai, pobre Isaura!... - foi este o eco lúgubre, que remurmurou-lhe dentro d'alma enregelada pelo desalento.





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