O jovem, do seu canto sob o candeeiro, observava-as com olhos vivos e brilhantes.
- Ora - volveu March, na sua voz ausente -, porque hás-de desperdiçar assim o teu dinheiro?
- Achei que talvez fosse bem gasto replicou Banford.
- Não estava a pensar em nada de especial, apenas no soprar do vento à volta da casa - disse então March.
- Oh, céus! - retorquiu Banford. - Até eu podia ter tido um pensamento tão original como esse. Desta vez, receio bem ter desperdiçado o meu dinheiro.
- Bom, não precisas de pagar - disse March.
De repente, o jovem pôs-se a rir. Ambas as mulheres olharam então para ele, March com um certo ar de surpresa, como se só então se desse conta da sua presença.
- Mas então costumam sempre pagar em tais ocasiões? - perguntou ele.
- Oh, claro - disse Banford. - Pagamos sempre. Houve alturas em que tive de pagar à Nellie um xelim por semana, isto no Inverno, pois no Verão fica muito mais barato.
- O quê? Mas então pagam pelos pensamentos uma da outra? - disse o jovem, rindo. - Sim, quando já não há absolutamente mais nada com que nos entretermos.
Ele ria por acessos, de uma forma brusca, sacudida, franzindo o nariz como um cachorrinho, um vivo prazer no riso dos olhos brilhantes.
- É a primeira vez que ouço falar em tal coisa - disse então.
- Acho que já a teria ouvido muitas vezes se tivesse de passar um Inverno em Bailey Farm - retrucou Banford em tom lastimoso. - Mas então aborrecem-se assim tanto? - perguntou ele.
- Mais do que isso! - exclamou Banford.
- Oh! - disse ele com ar grave. - Mas por que é que se hão-de aborrecer?
- E quem não se aborreceria? - respondeu Banford.
- Lamento muito saber disso - disse então ele com solene gravidade.