- Humm!... - murmurou Banford, voltando à sua escrita. Mas, na altura em que lambia conscienciosamente o envelope para depois o fechar, voltou a perguntar: - E quais são os seus planos para o futuro, se me permite a pergunta?
- Planos? - volveu ele, o rosto afogueado e colérico.
- Sim, sobre você e Nellie, se sempre vão por diante com as vossas intenções. Quando é que a boda terá lugar? - Falava num tom sarcástico, escarninho.
- Oh, a boda! - retorquiu ele. - Não sei.
- Mas não tem nenhuma ideia? - disse Banford. - Então você vai-se embora na sexta e deixa as coisas como estão?
- Bom, e porque não? Podemos sempre escrever-nos.
- É claro que sim. Mas eu gostava de saber por causa da quinta. É que, se a Nellie se vai casar assim de repente, vou ter de procurar outra sócia.
- Mas ela não poderia ficar aqui mesmo depois de casar? - perguntou ele, sabendo muito bem qual seria a resposta.
- Oh! - disse Banford. - Isto não é lugar para um casal. Primeiro, porque não há trabalho suficiente para ocupar um homem. E depois, o rendimento que isto dá é quase nulo. Não, é absolutamente impossível pensar em ficar aqui depois de casar. Absolutamente!
- Está bem, mas eu também não estava a pensar em ficar cá - respondeu ele.
- Ótimo, era isso mesmo que eu pretendia saber. E então a Nellie? Sendo assim, quanto tempo irá ela ficar aqui comigo?
Os dois antagonistas enfrentaram-se, olhos nos olhos.
- Isso já não lhe sei dizer - respondeu ele.
- Ora, vamos, deixe-se disso! - exclamou ela, desdenhosa e petulante. - Tem de ter uma ideia daquilo que pretende fazer, já que pediu uma mulher em casamento. A não ser que seja tudo conversa fiada.
- Conversa fiada? Porque havia de ser conversa fiada?.. Penso voltar para o Canadá.
- E vai levá-la consigo?
- Evidentemente.