March, franca como sempre, pondo um leve tom de repreensão na ternura da voz, Banford falando baixinho, como que a murmurar, de forma algo vaga e abstracta. Eram, evidentemente, duas boas amigas. Não conseguiu distinguir aquilo que diziam enquanto não chegaram junto da vedação que delimitava o prado adjacente à casa. Uma vez lá chegadas, viu então March transpor a cancela no seu jeito varonil, segurando todos os embrulhos nos braços, enquanto a voz rabugenta de Banford soava no ar parado:
- Porque é que não me deixas ajudar-te a levar os embrulhos? - Havia na sua voz um estranho tom de queixume, embargando-Ihe as palavras. Ouviu-se então a voz de March, firme e sonora, respondendo com negligência:
- Oh, eu cá me arranjo. Não te preocupes.
Tu é que tens de recuperar as forças, cansada como vens.
- Sim, isso é muito bonito - retrucou Banford, agastada. - Tu estás sempre a dizer «Não te preocupes» e depois passas o tempo toda ofendida porque ninguém te dá atenção.
- Mas quando é que andei ofendida? perguntou March.
- Sempre. Andas sempre ofendida. Por exemplo, agora estás ofendida comigo por eu não querer que aquele rapaz venha viver cá para a quinta.
- Isso não é verdade, não estou nada ofendida - replicou March.
- Estás, que eu bem sei que estás. Quando ele se for embora, vais andar toda amuada por causa disso, tenho a certeza.
- Ah, sim? - volveu March. - Bom, veremos.
- Sim, infelizmente eu bem sei que vai ser assim. E dói-me pensar como tu te deixaste apanhar com tanta facilidade. Não posso imaginar como te podes ter rebaixado a esse ponto.
- Eu não me rebaixei coisíssima nenhuma -respondeu March.