Foi então que o príncipe Próspero, desesperado de fúria e de vergonha pela sua covardia momentânea, se precipitou através das seis salas sem que ninguém o seguisse; porque todos haviam sucumbido a um terror.
O príncipe brandia um punhal desembainhado e aproximava-se impetuosamente do fantasma que fugia, quando este, que chegara ao extremo da sala de veludo, se voltou bruscamente e encarou o seu perseguidor. Ouviu-se um grito agudo - e o punhal caiu com o brilho de um relâmpago sobre o tapete fúnebre onde o príncipe tombava morto logo após.
Então, invocando a coragem violenta do desespero, os mascarados precipitaram-se para a sala negra, e, agarrando o desconhecido que, como uma grande estátua, direito e imóvel, se encontrava à sombra do relógio de ébano, sentiram-se sufocados por um terror sem nome vendo que, sob o sudário e a máscara cadavérica que tinham agarrado com tanta força e energia, não havia qualquer forma palpável.
Reconheceram, então, a presença da Morte Vermelha. Chegara como um ladrão na noite. E um a um foram caindo os convivas nas salas da festa cobertos por um orvalho sangrento, e assim morreram na desesperada posição em que caíram.