Para demonstrar a dignidade de tal posição de primazia também para Sócrates, bastar-vos-á reconhecer nele o tipo de uma forma de existência não conhecida até então, o tipo do homem teórico, sendo nossa primeira tarefa chegar a conhecer sua importância e seus fins. Também o homem teórico tem um prazer infinito no existente, assim como o artista; e é, como este, posto a salvo da ética prática do pessimismo e de seus olhos de lince, brilhantes na escuridão, por aquele mesmo prazer. Pois se o artista, cada vez que descobre a verdade, sempre se prende, com olhares extasiados, naquilo que ainda agora, depois do descobrimento, continua coberto, então goza e se contenta o homem teórico na cobertura derribada, tendo seu fim de prazer mais elevado no processo de um descobrimento sempre bem sucedido, efetuado por esforço próprio. Não existiria a ciência, se ela somente se importasse com aquela única deusa nua, e com nada mais. Porque então seus discípulos deveriam sentir-se como aqueles que quisessem furar a terra; compreendendo cada um destes que, com o maior e vitalício esforço, só poderia furar um pedaço pequenino de tal imensa profundeza e que este pedaço seria coberto ante seus olhares pelo trabalho do próximo, de modo a um outro fazer bem em escolher, por conta própria, um outro lugar para as suas experiências.