Prefácio
Está fora de dúvida que o livro mais emocionante e característico de Nietzsche é “Assim falava Zarathustra”, a obra, porém, que melhor externa a “essência pessoal” do jovem Nietzsche é este primogênito: A ORIGEM DA TRAGÉDIA.
A tradução presente é baseada no primeiro volume das “Obras Completas”, publicadas pelo Nietzsche-Archiv e por C. G. Naumann — Leipzig.
A este livro acrescentou Nietzsche no ano de 1886, além do “Ensaio de autocrítica”, explícitas palavras, que não foram publicadas, mas que se encontram citadas nas páginas XXVII e seguintes da introdução à ORIGEM DA TRAGÉDIA, escritas por D. Elisabeth Förster-Nietzsche para o primeiro volume das “Obras Completas” publicado pelo “Alfred Kröner Verlag” em 1912.
“Para acrescentar à Origem da Tragédia — Livro proveniente de experiências sobre estados estéticos de dor e alegria, tendo no fundo uma metafísica da arte. Ao mesmo tempo confissão de romântico (é quem mais sofre que exige mais profundamente a beleza — ele cria a mesma); e, finalmente, obra de juventude, cheia de coragem e melancolia juvenis.
“Experiências psicológicas fundamentais: com o nome de “apolínico” classifica-se a permanência arrebatadora num mundo imaginário e sonhado, no mundo da aparência bela, como redenção da realização; com o nome dionisíaco torna-se, por outro lado, ativa a realização sentindo-se subjetivamente a evolução, como o prazer intrépido do criador que conhece, ao mesmo tempo, a fúria do destruidor.
“Antagonismo de ambas as experiências, e dos desejos que as fundamentam. A primeira quer a aparência eternamente; diante da mesma torna-se o homem involuntário, calmo como o mar, curado, de acordo consigo e com a existência; a segunda experiência impele à realização, ao desejo da evolução, isto é, à criação e destruição.