- Eu saio se esta mulher continuar a jantar connosco - disse em voz baixa.
Num piscar de olhos, todos menos Poiret aprovaram a proposta do estudante de Medicina, que, apoiado pela adesão geral, avançou para o velho pensionista.
- O senhor que está particularmente ligado à menina Michonneau - disse-lhe - fale com ela, faça-lhe compreender que deve sair agora mesmo.
- Agora mesmo? - repetiu Poiret, espantado.
Depois veio ao pé da mulher e disse-lhe algumas palavras ao ouvido. - Mas o meu mês está pago, estou aqui pelo dinheiro como toda a gente - disse ela, lançando um olhar de víbora sobre os pensionistas.
- Não seja por isso, iremos cotizar-nos para lho devolver - disse Rastignac.
- O senhor apoia Collin - respondeu ela, lançando sobre o estudante um olhar venenoso e interrogador -, não é difícil saber porquê.
A essa palavra, Eugène saltou como para se atirar sobre a mulher e estrangulá-la. Esse olhar, do qual compreendeu a perfídia, acabava de lançar uma horrível luz na sua alma.
- Deixe-a! - gritaram os pensionistas. Rastignac cruzou os braços e ficou mudo.
- Acabemos de vez com a menina Judas - disse o pintor, dirigindo-se à senhora Vauquer. Minha senhora, se não põe na rua a Michonneau, deixaremos todos a sua casa e diremos por todo o lado que cá só se encontram espiões e evadidos.