- Que ela vinha para aqui - disse Vautrin, lançando um olhar profundo ao estudante. - Ia talvez a casa do papa Gobseck, um usureiro. Se alguma vez explorar os corações das mulheres em Paris, lá encontrará o usureiro antes do amante. A sua condessa chama-se Anastasie de Restaud e mora na Rua Helder.
Ao ouvir esse nome, o estudante olhou fixamente Vautrin, O pai Goriot levantou repentinamente a cabeça, deitou aos dois interlocutores um olhar luminoso e cheio de receio que surpreendeu os pensionistas.
- Christophe irá chegar muito tarde, já lá foi então - gritou dolorosamente Goriot.
- Adivinhei - disse Vautrin ao ouvido da senhora Vauquer. Goriot comia maquinalmente e sem saber o que comia. Nunca tinha parecido tão estúpido e tão compenetrado como agora.
- Quem diabo, senhor Vautrin, lhe pode ter dito o nome dela? perguntou Eugène.
- Ah! Ah! Aqui está - respondeu Vautrin. - Se o pai Goriot o sabia! Por que não eu também?
- Senhor Goriot - gritou o estudante.
- O quê! - disse o pobre velho. - Estava assim tão bonita ontem?
- Quem?
- A senhora de Restaud.
- Vejam o velho sovina - disse a senhora Vauquer a Vautrin -, como os olhos dele brilham.
- Será que ele a tem por conta? - disse em voz baixa a menina Michonneau ao estudante.
- Oh! Sim, estava furiosamente bela - retomou Eugène, que o pai Goriot olhava com avidez. - Se a senhora de Beauséant não tivesse lá estado, a minha divina condessa teria sido a rainha do baile; os rapazes só tinham olhos para ela, eu era o 12.0 inscrito na lista, dançava todas as contradanças. As outras mulheres estavam fulas. Se uma criatura foi feliz ontem, foi sem dúvida ela. Tem-se razão de dizer que não há nada mais bonito do que uma fragata a velejar, do que um cavalo a galope e do que uma mulher a dançar.